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Brasil utiliza cloroquina jurídica e cadeia para conter o extremismo


Por Raimundo de Holanda

31/01/2023 21h08 — em
Bastidores da Política



Você pode não gostar do PT, de Lula ou das pessoas do seu entorno. Mas nada o autoriza  a agredi-los ou sugerir que alguém atire na cara do presidente. O fato envolvendo o advogado de Lula, Cristiano Zanin, hostilizado em um banheiro de Brasilia, é apenas mais um exemplo da  loucura coletiva que se espalhou pelo País durante os últimos quatro anos, cindiu o Brasil, dividiu famílias, afastou amigos e contaminou as instituições.

Atribuir apenas ao bolsonarismo esse tipo de comportamento doentio é um erro. O País adoeceu e o remédio adotado até aqui não funciona.

A intolerância e suas derivações vêm sendo tratadas com uma espécie de cloroquina jurídica, quando há a necessidade de uma vacina capaz de conter o ódio que se espalhou como um vírus.

Ou não se explicaria como pessoas com formação superior, envolvidas com atividades sociais, que tinham boas relações com a família e os amigos de repente se afastaram, exibindo seus demônios ou revelando seus medos e fracassos.

Uma enquete nas redes sociais, perguntando quem atiraria na cara do Lula, como fez o jogador Wallace, do Cruzeiro, não pode ser uma brincadeira. Tem algo de profundamente doentio nesse comportamento, que deixou de ser individual para se tornar coletivo.

Há centenas, milhares de casos semelhantes, que não vêm a público.

Mas essa é uma doença curável em uma verdadeira democracia.

Apaziguar é o verbo e o caminho a ser seguido. Torpedear qualquer iniciativa nesse sentido, sob a alegação de que  “a democracia brasileira não irá suportar a ignóbil política de apaziguamento…’’,  como disse recentemente o ministro Alexandre de Moraes, do STF, é adotar o mesmo negacionismo do bolsonarismo, só que agora contra a pacificação do País.

Seguir esse conselho é levar o Brasil ao precipício e ver rompida a última barreira que ainda  garante  o sonho de emendar o que sobrou de um País  profundamente abalado e dividido.

O efeito colateral desse remédio contraindicado para reconstruir a democracia e assegurar o Estado de Direito é o caos, que se deseja evitar a todo custo.

 

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ASSUNTOS: Bolsonaro, Brasil, CLOROQUINA, extrema direita, Lula

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.